sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Irmã Dorothy - o anjo da Amazônia - [Divulgação]

 

"Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores
que estão desprotegidos no meio da floresta.
Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra
onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar"

[Dorothy Mae Stang conhecida como Irmã Dorothy
foi uma freira norte-americana naturalizada brasileira]
 
Salve Dorothy
Postado por bcamara - 13 - fev - 2011 às 11:53


O sexto aniversário do assassinato da freira Dorothy Stang em Anapu, no Pará, praticamente passou em branco no Brasil. Nilo D'Avila, hoje coordenador de políticas públicas do Greenpeace em Brasília e que na época da morte de Dorothy trabalhava na campanha da Amazônia, foi um dos poucos que não se esqueceu. Ele mandou mensagem para nossa equipe relembrando o dia em que a freira morreu. Vale ler o que Nilo escreveu:

"Foi num sábado, 12 de fevereiro de 2005. Por volta das 10h da manhã, cheguei no escritório em Manaus para trabalhar. Meu prazo para entregar o 1º esboço da pesquisa sobre soja estava vencendo e todo dia era segunda feira naqueles dias. Telefones tocando, atendo contrariado um deles e de sopetão recebo a notícia: mataram Irmã Dorothy Stang. Grande parte do time do Greenpeace na Amazônia estava, naquele dia, com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participando da assembléia de criação da associação comunitária da reserva extrativista Verde Para Sempre em Porto de Moz. Em Manaus me lembro de Marcelo Marquesini, Tica Minami e Cordelia iniciando um longo trabalho de filtragem de informação e apoio logístico. O fim de semana tinha acabado para nós e o trabalho de soja foi colocado em segundo plano.

Trinta e seis horas depois, a turma de Porto de Moz foi para Anapu e eu fui parar em Belém. Encontrei, no salão onde foi prestada uma homenagem a Dorothy antes de o corpo retornar para Anapu, vários desorientados e abatidos ativistas das causas sociais e ambientais que, como eu, tentavam entender o que estava acontecendo. Além de Dorothy, quatro lideranças dos trabalhadores rurais do Pará foram assassinadas naquele sábado. Era um plano? Nunca saberemos. Não fui para Anapu, mas o Greenpeace estava lá representado por Paulo, Carlos e outros.

Os dias que se seguiram foram agitados: O exército chegou, reservas foram criadas, prisões e julgamentos começaram a acontecer. Um enredo conhecido de reações, atrasadas do Estado ao assassinato de uma liderança que virou noticia. Foi assim com Chico, não foi assim com DEMA, Fusquinha, Brasília...

Lembro sempre dos telefonemas de Dorothy para o escritório. O sotaque forte do outro lado da linha e as coisas sempre ditas duas vezes para não deixar duvidas no interlocutor. Prosa rápida, sempre seguida de um aviso que tinha mandado mais uma denuncia para o IBAMA ... "você pode ajudar quem depende da floresta?"

Sempre tentando, sempre tentando Dorothy...

Salve Dorothy!
Anapu: Entidades homenageiam Dorothy e apóiam resistência
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


O ato público de homenagem a irmã Dorothy Stang e de solidariedade àqueles que continuaram a sua luta em Anapu ocorreu no início da tarde do dia 12 de fevereiro, no Centro de Formação São Rafael, local onde a missionária foi enterrada.

As caravanas presentes vieram de várias partes do estado do Pará. Belém, Ananideuma, Castanhal, Capitão Poço, Santarém, Altamira, Paragominas, Concórdia do Pará, Uruará foram algumas cidades citadas como presentes no evento, além de uma delegação do Maranhão, uma estudante de Goiás e ainda missionárias americanas da congregação de Notre Dame de Namur, da qual fazem parte outras missionárias que atuam na região, inclusive Dorothy.

O ato teve início com a fala da Superintendente do Incra de Santarém, Cleide Souza, que reafirmou os compromissos assumidos na audiência pública ocorrida no último dia 25 de janeiro

A dirigente anunciou que esteve em reunião com a Direção do Incra em Brasília que disponibilizou recursos para a imediata construção de guaritas de segurança nas principais entradas do assentamento, uma das principais pautas das famílias que estão acampadas no PDS Esperança.

A Senadora Marinor Brito (PSOL-PA) fez inicialmente uma fala de homenagem à Dorothy Stang para em seguida fazer um duro discurso contra a ingerência de políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores na região. Marinor fez referência direta à governadora Ana Júlia Carepa, lembrando que por diversas vezes equipes de fiscalização ambiental e de segurança não foram enviadas para Anapu por interferência direta da petista, o que permitiu o crescimento da extração ilegal de madeira e o clima de violência.

Mary Cohen, representando a OAB no ato, lembrou os processos de prisões, ameaças e criminalização de lideranças e movimentos sociais em todo o estado do Pará.

Diversas entidades sindicais e movimentos sociais se sucederam em falas de homenagem, solidariedade e denúncias. Estiveram presentes a Central Sindical e Popular Conlutas; o Sindicato da Construção Civil de Belém; o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade; o Movimento Xingu Vivo para Sempre; a União das Entidades Comunitárias de Santarém; a Federação das Associações de Moradores e Comunitárias de Santarém; a Consulta Popular; o Movimento de Atingidos por Barragens, o Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns; Núcleo de Assessoria Jurídica Popular “Cabano”; a Comissão de Justiça e Paz da CNBB Regional Norte II; a Prelazia do Xingu; o Movimento Mulher; o PSTU e o PSOL.

O movimento estudantil esteve em peso com estudantes de várias partes do estado e de várias entidades: a Associação Nacional dos Estudantes-Livre; a União dos Estudantes de Santarém; o DCE da Universidade Federal do Oeste do Pará e diversos Centros Acadêmicos da Universidade Federal Rural da Amazônia.

Depois de encerrada a seqüência de intervenções, houve um ato simbólico em volta do túmulo de Dorothy, seguido de plantio de mudas na área do centro de formação.

As atividades da noite incluíram um jantar comunitário e uma festa dançante chamada “Forró da irmã Dorothy”. Apesar de soar estranho para alguns, as pessoas que conviveram com a missionária afirmam que mesmo nos momentos mais difíceis, Dorothy demonstravam muita alegria e fazer uma festa é uma das melhores formas de lembrá-la.

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Divulgação/Homenagem

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